O que fazer diante de um diagnóstico de esterilidade de origem desconhecida?

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Para entender o diagnóstico de esterilidade de origem desconhecida, EOD, é importante diferenciar o conceito de esterilidade do de infertilidade. Muitas pessoas pensam que são dois conceitos que explicam a mesma coisa, mas não é bem assim. A esterilidade responde à incapacidade de conseguir uma gravidez, por outro lado, a infertilidade é definida como a incapacidade de levar uma gravidez até o parto. Dito isso, se fôssemos especificar ainda mais a diferença, poderíamos dizer que um casal estéril é aquele que não consegue conceber, enquanto um casal infértil pode conseguir uma gravidez, mas por algum motivo é interrompida durante a gravidez.

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A infertilidade no seu sentido mais lato, ou seja, a incapacidade de ter filhos, pode ter uma origem muito diversa: 30% é devida a causas femininas, outros 30% a causas masculinas e 20% têm causas mistas, o que significa que ambos os membros da família casal apresenta alterações. Os 20% restantes são, como já dissemos, esterilidade de origem desconhecida (EOD), algo que confunde todos aqueles que a sofrem, por isso, neste artigo, queremos responder a algumas das perguntas mais frequentes dessas pessoas: Como agir diante do diagnóstico de EOD? Podemos conseguir uma gravidez?

Em primeiro lugar, deve-se destacar que a esterilidade de origem desconhecida é aquela que, após a realização de todos os exames habituais, os resultados são normais e não se sabe o que pode estar alterando o sistema reprodutor feminino e masculino para evitar a gravidez. Nesta situação cercada de incertezas, perguntamos a dois especialistas relevantes em reprodução assistida e frequentadores de nossas páginas por sua vasta experiência, os doutores Jan Tesarik e Raquel Mendoza Tesarik, ambos diretores da Clínica MARGen.

Quando se considera que um casal tem esterilidade de origem desconhecida?

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Primeiro você tem que definir o termo. Algo desconhecido costuma estar, na maioria das vezes, relacionado à nossa capacidade cognitiva, e não ao problema em si. Na verdade, todos os casos de infertilidade “desconhecida” devem ser convertidos em “conhecidos” antes que o tratamento possa ser planejado. O tratamento “às cegas” (sem conhecimento) pode causar mais mal do que bem aos casais e, em geral, ser mais emocionalmente traumático do que um tratamento bem focado.

Na maioria dos casos, a causa da infertilidade é descoberta pela soma de exames de rotina. Caso contrário, a causa deve ser buscada por meio de exames mais específicos que avaliem também o funcionamento de sistemas que podem afetar indiretamente a qualidade dos ovócitos e espermatozoides. Por exemplo, condições diabéticas e pré-diabéticas, anormalidades na função da glândula tireoide ou desequilíbrios oxirredutores (estresse oxidativo ou redutor) podem desempenhar um papel.

Se o diagnóstico, após todos os exames, indicar que se trata de esterilidade de origem desconhecida, quais tratamentos devem ser seguidos?

Na ausência de uma única causa óbvia, todas as anormalidades colaterais suspeitas devem ser tratadas adequadamente antes de iniciar o tratamento específico. Começar com tratamentos “simples” sem antes ter resolvido as possíveis causas colaterais não faz muito sentido porque pode prolongar a duração do tratamento e até ser mais caro em comparação com tratamentos bem focados. A causa sempre existe, e tratar a infertilidade sem descobri-la tem pouco valor científico ou médico.

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É possível conseguir uma gravidez no caso de EOD e, se possível, que porcentagem de sucesso esses pacientes têm em se tornarem pais?

Como disse antes, a solução é encontrar a causa, ou um conjunto de causas, da esterilidade existente. Invista um pouco mais de tempo no esforço diagnóstico em vez de realizar tratamentos “às cegas”. Se o conjunto de fatores colaterais (falta ou hiperprodução de diferentes hormônios ou anormalidades morfológicas da cavidade uterina ou das tubas uterinas nas mulheres, ou dano ao DNA do esperma nos homens) for diagnosticado e tratado adequadamente, a taxa de sucesso pode ser alta. Nesse ponto tenho que fazer um parágrafo muito importante, como sempre indico, para ter mais chances de sucesso, cada caso deve ser estudado e uma solução buscada de forma personalizada e individualizada.

Por último, Perguntamos à Dra. Raquel Mendoza Tesarik como um casal deve lidar emocionalmente com esse diagnóstico, ao que ela respondeu: O mais importante é não desistir, porque, mesmo que não entendamos a causa desse tipo de esterilidade, trata-se de tentar opções de maneira lógica e ordenada até encontrar a que funciona. Não perca a calma, engravidar é possível.

Nesses casos, ressalta a Dra. Raquel, é fundamental fazer e analisar criteriosamente a história clínica de ambos os membros do casal, pois os testes de fertilidade podem ficar aquém, pois há ocasiões em que pode haver um possível problema de saúde que não foi detectado e está causando esterilidade. Sem dúvida, quanto mais personalizado for o tratamento do paciente e mais aprofundado o diagnóstico de EOD, mais reduzido será o percentual desse diagnóstico.

A verdade é que após as declarações destes dois médicos podemos concluir que, embora um diagnóstico de esterilidade de origem desconhecida normalmente cause um maior impacto no casal, não implica um prognóstico de gravidez mais complicado do que outro. O casal que em um primeiro estudo não consegue determinar onde está seu problema em ter um bebê tem as mesmas chances de ser pais do que aquele que focou bem a origem da dificuldade. Hoje, com os avanços no campo da reprodução assistida, um grande percentual desses casais realiza o sonho de constituir família.

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