“Espanha é um dos países da UE com mais amputações de pé diabético”

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Como você desenvolve um pé diabético?

O Diabetes Mellitus é uma doença crônica que afeta um grande número de pessoas em todo o mundo e constitui um importante problema de saúde. A hiperglicemia que provoca aumenta o risco do aparecimento de alterações neurológicas e vasculares, bem como o risco de sofrer infecções. Esses fatores favorecem o aparecimento de lesões ou úlceras nos pés e que estes tenham uma pior evolução e um mau prognóstico. Essas complicações causam grande sofrimento à pessoa e seus familiares e acarretam alto custo financeiro direto e indireto.

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2. Quantos pacientes passam a sofrer com isso?

Na Espanha, estima-se que 14,8% da população tenha diabetes e todos esses pacientes correm o risco de desenvolver complicações que podem levar ao pé diabético, daí a importância de estabelecer estratégias de prevenção.

3. Como se manifesta?

O pé diabético provoca uma diminuição da sensibilidade que coexiste na maioria dos casos com alterações a nível vascular e uma predisposição a infecções. É importante ressaltar que pessoas com diabetes podem não apresentar sintomas mesmo que tenham alterações estabelecidas.

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4. Então é algo difícil de diagnosticar?

Em muitas ocasiões, o desenvolvimento dos sintomas é lento, mas progressivo, de modo que as pessoas “se acostumam” e convivem com eles. Uma entrevista proativa destinada a procurar sinais ou sintomas específicos pode nos ajudar a fazer um diagnóstico precoce. Em outras ocasiões, o aparecimento de sintomas como formigamento, dormência nos dedos dos pés ou dor noturna, frieza e palidez da pele, além de dor incapacitante ao caminhar, podem nos ajudar a estabelecer o diagnóstico.

5. Que consequências pode ter?

A detecção precoce do risco de ulceração é a chave para a prevenção. A má evolução das lesões pode culminar nas temidas amputações. Recorde-se que Espanha é o país europeu onde mais ocorrem amputações resultantes de complicações da diabetes, duplicando os números de países vizinhos como França, Itália ou Reino Unido.

6. O que você recomenda aos pacientes com pé diabético?

A educação terapêutica é um dos pilares fundamentais no tratamento do diabetes e suas complicações. As nossas recomendações fazem parte de um programa estruturado e personalizado que visa a adoção de rotinas diárias de cuidados com os pés como higiene, inspeção, cuidados com as unhas, hidratação da pele… Além disso, oferecemos aconselhamento personalizado sobre o calçado, meias ou peúgas mais adequados. Também informa sobre alguns hábitos que devem ser evitados para minimizar os riscos de lesões. O objetivo é reduzir ao mínimo o risco de ulceração, promovendo o autocuidado e, quando isso não for possível, o envolvimento de familiares ou cuidadores.

7. Como pode ser evitado?

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Pode e deve ser. O exame dos pés de pessoas com diabetes deve fazer parte de seu cuidado integral. Todas as pessoas com diabetes tipo 2 devem ser avaliadas por um profissional treinado para estratificar o risco de sofrerem ulcerações. Também aqueles com diabetes tipo 1 com mais de 25 anos e mais de cinco anos de evolução da doença.

8. Como a ulceração pode ser evitada?

A determinação do nível de risco de ulceração por meio de um exame neurológico e vascular demonstrou reduzir o risco de seu aparecimento. Uma vez identificado o referido risco, seguindo as orientações das diretrizes científicas internacionais, determina-se a periodicidade das revisões.

9. Você é responsável pela nova clínica de prevenção do pé diabético lançada pelo Complexo Hospitalar Ruber Juan Bravo e pelo Hospital Universitário Quirónsalud. Qual é o objetivo desta iniciativa e que ações são realizadas?

O objetivo é a prevenção através da educação e envolvimento do paciente e sua família. A pessoa deve conhecer o risco de sofrer lesões nos pés, aprender habilidades e técnicas específicas de autocuidado. Primeiramente, analisamos o histórico do paciente, que nos fornece dados importantes. Isso é seguido por uma inspeção completa dos pés, bem como dos sapatos e meias. Observamos o estado da pele, coloração, temperatura, estado das unhas, existência de lesões, alterações anatómicas, etc. Posteriormente, é realizado um exame neurológico das diferentes sensibilidades (tátil, dor, temperatura, pressão) e um exame vascular. Todas essas informações permitem estratificar o risco de sofrer ulcerações e preparar um programa de atendimento personalizado e, se for o caso, encaminhamento ao profissional correspondente. Consoante o risco detectado, programa-se um calendário trimestral, semestral ou anual. O objetivo é antecipar problemas e trabalhar com uma equipe multidisciplinar, podólogos, neurologistas ou vasculares, conforme o caso.

10. Quando é inevitável recorrer à cirurgia?

A função da consulta é a prevenção para evitar intervenções que, se necessário, devem ser prescritas pelo profissional correspondente.

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