“Uma boa vida”, a fórmula secreta da felicidade que nos permite ganhar em saúde

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Considerado um dos principais especialistas internacionais em psiquiatria, Robert Waldinger desembarcou esta semana na Espanha com seu novo livro debaixo do braço: “Uma boa vida”, da Editora Planeta. Este trabalho, escrito em conjunto com o prestigioso psicólogo marc schultz Depois de analisar os dados do maior estudo científico já realizado sobre o desenvolvimento humano – e que ainda está em andamento – é o “bíblia” do bem-estar e felicidade, aquela grande utopia que todos perseguimos e para a qual Waldinger tem a fórmula secreta.

Qual é a receita da felicidade?

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Depois de analisar a vida de milhares de pessoas por mais de oito décadas, descobrimos que o maior gatilho para a felicidade é ter uma rede social ativa. Isso significa desfrutar de um bom punhado de amigos, relacionamentos familiares fortes, um parceiro ou bons colegas de trabalho. É a coisa mais importante para alcançar uma vida longa, plena e satisfatória.

Não fala de dinheiro nem de um bom emprego, apesar de hoje ser o que mais olhamos…

É importante ganhar dinheiro e encontrar uma profissão que gostemos, mas se focarmos apenas nisso e ignorarmos a importância das relações sociais, a felicidade não vem. O grande erro é dar prioridade ao trabalho, à fama ou ao sucesso, deixando de lado o contato com os outros. É mais importante ter bons amigos no local de trabalho do que uma ótima posição. Portanto, percebe-se a necessidade de investir tempo e esforço no cuidado das relações sociais próximas e periféricas.

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Existem fatores que nos tornam mais ou menos propensos a alcançar essa felicidade?

Sim. Estima-se que 50% da nossa felicidade tem a ver com o temperamento, e isso nos é dado geneticamente. Outros 10% são marcados por circunstâncias imediatas, que podem mudar ao longo da vida, enquanto os restantes 40% são influenciados, ou seja, dependem de nós e estão nas nossas mãos. Todos nós conhecemos pessoas que são felizes apesar de viverem grandes tragédias e, ao contrário, que parecem ter tudo e, apesar disso, não alcançam essa plenitude.

Talvez seja porque falamos muito em felicidade, mas não sabemos o que é…

O grande estudo que estamos fazendo nos permitiu verificar que o conceito de felicidade está mudando de acordo com as gerações. Nos primeiros grupos analisados, após a Segunda Guerra Mundial, essa plenitude traduziu-se no sentido de viver bem. Agora, porém, pensamos na felicidade como algo mais hedonista, calculado em função das festas, das viagens ou dos restaurantes que frequentamos… Os mais novos acreditam que sim, porque são muito influenciados pelo que veem nas redes sociais .

Somos a geração com mais coisas ao nosso alcance e, apesar disso, os problemas de saúde mental dispararam. Qual é o antídoto para essa infelicidade constante que nos persegue?

Devemos praticar mais a gratidão, o que é muito útil. Temos um viés inato que nos faz potencializar informações negativas. Somos programados para prestar mais atenção às coisas más que nos rodeiam e que nos impedem de ter consciência de todas as coisas boas que temos e que damos como certas: saúde, família, uma casa… São muitos os dias que não paramos para pensar em como somos sortudos por ter essas coisas, mas pesquisas mostram que, se formos ativos em lembrar e apreciar todas as coisas boas da vida, seremos mais felizes.

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E ser mais feliz tem impacto na saúde?

É uma relação de mão dupla. Sentir-se feliz reduz o risco de doenças e nos permite ser mais saudáveis. Mas também vice-versa, porque diante de uma adversidade de saúde, ter uma boa rede social nos fortalece para superar o impasse.

A solidão subtrai anos da nossa vida?

Foi demonstrado que o estresse reduz a longevidade e a solidão é um estressor muito perigoso, porque somos seres sociais. Quando estamos com um amigo, companheiro ou familiar, o corpo relaxa e não fica mais em estado de alerta. Isso protege nossa saúde, pois manter um nível de estresse constante nos adoece aumentando a inflamação no corpo, o que prejudica o sistema cardiovascular, as articulações, o sistema digestivo… Tudo isso tira anos de nossas vidas.

Seu conselho final?

Que nunca é tarde para ser feliz se investirmos tempo e esforço em cuidar das relações sociais que nos importam.

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