É assim que funciona um hospital adaptado para crianças com transtorno do espectro autista

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Estima-se que em nosso país um em cada cem recém-nascidos apresente transtorno do espectro autista (TEA), condição que afeta o funcionamento de áreas como comunicação, interação social e flexibilidade comportamental das crianças. Essa circunstância torna os hospitais um território hostil para esses menores, que enfrentam com muita ansiedade o desafio de ir ao médico. Consciente disso, ele Hospital Universitário Rey Juan Carlos (Móstoles), integrada na rede pública de Madrid, está a implementar a iniciativa “HumanizaTEA. Um AUTÊNTICO hospital adaptado a si”, um projecto de humanização pediátrica que foi recentemente reconhecido com um dos prémios “Cars for Smiles”, uma organização internacional sem fins lucrativos que trabalha para melhorar a qualidade de vida de crianças e jovens que sofrem de alguma doença ou condição difícil.

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A iniciativa assenta na diferente afetação que este problema neurológico tem em cada pessoa, o que se traduz em potencialidades e desafios únicos e individuais, mas também em diferentes necessidades de cuidados e tratamentos. Este amplo espectro de características e requisitos requer a participação de múltiplos profissionais nos planos de tratamento e sua individualização para cobrir diferentes áreas de abordagem com o objetivo de ajudar as pessoas com autismo a desenvolver, quantitativa e qualitativamente, ferramentas que lhes permitam ser o mais autônomos possível . Neste contexto, “ir ao hospital torna-se muitas vezes um desafio que acarreta grandes dificuldades e gera ansiedade e stress, não só para os mais pequenos, mas também para os pais”, reconhece a Dra. Cecília Paredes, especialista em Neuropediatria do Serviço. de Pediatria do hospital mostoleño.

Profissionais bem treinados

A iniciativa começou com uma análise das necessidades do centro, como a formação de outros profissionais de saúde que atendem pacientes com TEA (Otorrinolaringologia, Neurologia, Traumatologia, pessoal administrativo, enfermeiros, técnicos de Radiologia…), estabelecendo mecanismos de comunicação para atender às necessidades dos o menor, assim como formas úteis, atrativas e muito visuais de interagir com ele para trabalhar proativamente sua relação com os profissionais e com o centro.

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Na prática, isto traduz-se na realização de “planos de formação para os profissionais que vão atender estas crianças. Também estão previstas escolas para pais e oficinas voltadas para o acompanhamento após o diagnóstico inicial e a criação de um espaço para troca de experiências e dúvidas com os profissionais, além de sua nova relação com o hospital. Nesse sentido, será oferecido um guia de abordagem útil para a família após o diagnóstico”, explica o Dr. Paredes.

À chegada ao hospital, os doentes puderam ser identificados desde o início, “evitando esperas excessivas, procurando agrupar as consultas médicas no mesmo dia, e realizando exames complementares em ambientes adaptados a estas crianças, minimizando os estímulos excessivos e antecipando os processos que vão acontecer Serão estabelecidos circuitos prioritários de atendimento clínico e administrativo e disponibilizados mecanismos de comunicação audiovisual adaptados para doentes com TEA (tablets), que utilizaremos com a ajuda dos seus familiares, para conhecer as suas necessidades e orientar a sua permanência no centro. Serão oferecidos recursos individualizados, como fones de ouvido antirruído ou material audiovisual para melhor tolerar a espera, e os pacientes poderão estar sempre acompanhados”, explica Dr. Paredes.

Benefícios para o paciente

Com o firme objetivo de ser um hospital acolhedor para essas crianças, o Dr. Paredes lembra que “o atendimento hospitalar a um paciente com TEA pode ser muitas vezes uma experiência estressante: a equipe e o ambiente são desconhecidos, eles têm medo do que vai acontecer com eles lá e não têm as ferramentas necessárias para expressar seu grau de desconforto ou expressar o que os incomoda ou os machuca. Por isso, o bom treinamento de nossa equipe, os meios de comunicação disponíveis, a adaptação dos ambientes e a facilitação de sua permanência por nossa parte, melhorarão a cooperação e o conforto do paciente, facilitando futuras visitas no ambiente de saúde. Por isso, contaremos com sinalização explicativa física e digital (Portal do Paciente) desde os primeiros contatos. Iremos também melhorar as acessibilidades com lugares de estacionamento de acesso rápido e facilidades na cafetaria pública, sem esquecer campanhas específicas de comunicação externa e interna, de sensibilização da sociedade civil e profissionais de saúde.

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A ambição desta iniciativa é tal que “prevê-se o alargamento deste tipo de planos para melhorar o atendimento a doentes em outras áreas pediátricas como a asma, dificuldades de aprendizagem, obesidade e diabetes”, refere o Dr. Paredes, que adianta que “outros Hospitais têm já manifestaram o seu interesse no plano HumanizaTEA e nesse sentido teremos todo o gosto em colaborar com os mesmos para que no futuro beneficiem o maior número possível de crianças.”

►O plano de ação “HumanizaTEA” abrange três áreas estratégicas:

-Transformação: Facilitar a identificação do tipo de paciente para os profissionais do hospital, incentivar o menor a estar sempre acompanhado na realização de determinados exames, estabelecer circuitos prioritários de atendimento clínico e administrativo, oferecer facilidades no refeitório em termos de formatos e atendimento…

-Educação: Organização de escolas TEA para pais e profissionais de saúde e administrativos, e formação em recursos e ferramentas do projeto, entre outros.

-Adaptação: Utilização de pictogramas, empréstimo de auscultadores e tablets anti-ruído para familiarização com os circuitos de serviço, reserva de lugares de estacionamento…

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