«O urologista ainda é a grande incógnita em muitos ambientes»

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1. Quais são os problemas urológicos mais frequentes na mulher?

As diferenças mais frequentes entre problemas urológicos masculinos e femininos estão relacionadas às características da própria doença. Por exemplo, o câncer de bexiga é mais comum em homens do que em mulheres, assim como a maioria das litíases (cálculos urinários). No entanto, a incontinência ou infecção urinária é mais comum em mulheres.

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2. Há mais? Com o que você tem que se preocupar?

Sendo o cancro da próstata o tumor mais frequente nos homens, embora não seja o mais mortal, os problemas oncológicos do aparelho urinário e daqueles órgãos comuns a ambos os sexos (rins, ureteres, bexiga) são menos frequentes nas mulheres (por exemplo 2:1 para o rim e 3:1 para a bexiga). Outro exemplo é a transformação oncológica das glândulas adrenais, cuja patologia cirúrgica também é tratada pelo urologista, sendo incomum em ambos os sexos. Outros problemas como a litíase (isto é, pedras nos rins), sendo mais frequentes nos homens, são vistos cada vez mais nas mulheres, pois os estilos e ritmos de vida estão se tornando muito semelhantes.

3. As mulheres muitas vezes hesitam quando têm problemas na área genital ou no trato urinário em ir ao ginecologista ou urologista. O que você diria a eles?

Que é muito plausível que as mulheres tenham o hábito de ir ao ginecologista desde muito novas. Essa estreita relação, desde sempre, faz com que muitos problemas íntimos relacionados à área genital sejam relatados naquele consultório do ginecologista ou seja onde são detectados. O urologista ainda é em muitos ambientes o grande desconhecido. Muitas vezes, temos problemas depois de ir ao ginecologista.

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4. A cistite é muito comum e pode se complicar, quando devo ir à consulta?

É necessário saber desde o primeiro episódio por que ocorre a cistite, quais sintomas ela causa e como identificá-la, para depois cuidar e tratar. O objetivo é que não se torne uma condição recorrente ou recorrente que cause tanto desconforto. Por vezes, a bactéria pode ascender pelo ureter até atingir o rim, originando um quadro de pielonefrite que se apresenta com sintomas mais graves (febre, lombalgia, mal-estar geral, prostração, alteração analítica…) e maior gravidade.

5. A incontinência urinária ainda é um tabu?

Claramente, ou tem sido até à data. Já é mais frequente em consulta. Falar mais sobre o assunto tem contribuído para isso e o fato de termos soluções que não tínhamos há alguns anos. As mulheres supunham que chegar a uma certa idade, no processo de envelhecimento, era normal. Como os tratamentos existentes não eram muito resolutivos, as mulheres permaneciam assim pelo resto da vida, agravando ainda mais a situação.

6. Que tipos existem?

Existem dois grandes tipos. A incontinência urinária de esforço (IUE) ocorre como resultado do aumento da pressão abdominal, onde a uretra se move para frente e o esfíncter não consegue fechar a uretra e evitar que a urina vaze da bexiga ao tossir, rir, correr, pular, levantar peso, curvar-se … A incontinência urinária de urgência (IUI) é causada por contrações involuntárias do músculo detrusor da bexiga, quando a bexiga ainda tem uma pequena quantidade de urina armazenada em seu interior. É como se a bexiga “tremesse”. Causa urgência miccional e, às vezes, perda de urina. A combinação de ambas, incontinência mista, é a que ocorre com mais frequência.

7. Como prevenir e qual o tratamento?

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Conhecer os fatores de risco (obesidade, tabaco, tosse crônica, prisão de ventre, certos hábitos alimentares, bebidas excitantes…) e evitá-los é uma grande aposta para prevenir seu aparecimento. Além disso, devemos educar/reeducar as pessoas em hábitos miccionais saudáveis ​​e manter um assoalho pélvico excelente, o que se consegue com uma vida ativa e prática de exercícios físicos.

8. Como consequência da gravidez e do parto, que problemas podem surgir?

Favorecem alterações anatómicas do períneo, por exemplo prolapsos, e disfunções de vários tipos (micção, defecação, sexual). É preciso prevenir que apareçam cuidando desses aspectos durante todo o processo de gravidez, parto e também no pós-parto. O treinamento e a reabilitação do assoalho pélvico geram aquele fortalecimento desejado.

9. Que tipos de câncer ocorrem no trato urinário feminino e qual a sua prevalência atualmente?

Nenhum é particularmente comum, mas, é claro, as mulheres podem ter câncer de bexiga (urotélio) e de rim. É um câncer intimamente relacionado ao tabagismo. O câncer renal hoje é quase sempre detectado incidentalmente. Ou seja, é descoberto por acaso ao realizar uma ultrassonografia abdominal indicada por outra circunstância. O urologista não cuida de cânceres do trato genital feminino. São de responsabilidade do ginecologista.

10. Então, sem apresentar sintomas, a mulher deve fazer check-up urológico com periodicidade específica? A partir de que idade?

Não, você não precisa fazer isso sistematicamente. Devem ter hábitos e estilos de vida saudáveis ​​em termos de alimentação, ingestão de líquidos e exercício físico, evitando o excesso de peso, o sedentarismo e os problemas de stress.

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