«O transplante de córnea lamelar tem menos rejeição e a recuperação é mais rápida»

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1. Em que circunstâncias é indicado realizar um transplante de córnea?

Atualmente, a maior parte das indicações se deve à motivação clínica, ou seja, aqueles distúrbios que ao longo do tempo dão origem a uma ou a uma combinação dessas três consequências: perda de transparência ou distorção da forma da córnea tão intensa que leva à perda de suas propriedades ópticas e dor. Outras indicações menos frequentes na atualidade seriam: as puramente óticas (perderam importância com o aperfeiçoamento da cirurgia refrativa), as tectônicas e as cosméticas.

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2. Qual é a técnica mais inovadora que existe atualmente para realizá-la?

Nos últimos anos, foram desenvolvidas técnicas lamelares onde a camada córnea danificada é substituída, quando possível. Uma córnea que vai apresentar uma camada danificada – por exemplo, o endotélio (que é a camada mais profunda) – só pode ser substituída mantendo o restante das camadas longe do próprio paciente.

3. Que outra(s) técnica(s) foi(ram) utilizada(s) anteriormente para realizar este tipo de intervenção?

Este tipo de intervenção remonta a 1906, quando se conseguiu com sucesso o primeiro transplante de córnea, que é também a única parte do olho que pode ser transplantada. As cirurgias que eram realizadas no século 20, a forma clássica de transplante, chamada de “penetrante”, que consistia em cortar a córnea doente em sua totalidade e substituí-la pela córnea sadia do doador para restaurar a visão. Esta técnica ainda é usada hoje quando a substituição completa da córnea é necessária.

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4. E quais as vantagens do novo transplante lamelar em relação às técnicas tradicionalmente utilizadas?

As vantagens são duplas: por um lado, encurtam os tempos de recuperação e, por outro, ao atuarem na camada que apresenta o problema, aumentam a precisão do tratamento, revertendo para uma menor possibilidade de rejeição.

5. No vosso centro realizaram-se este ano 12 intervenções deste tipo. Qual é a sua avaliação da técnica até agora?

Uma avaliação muito positiva. Lançamos uma unidade que ajudará os pacientes a encontrar soluções para problemas complexos. E também incorporamos a última tecnologia tanto para diagnóstico quanto para tratamento com o laser de femtosegundo que permite aumentar a precisão, reprodutibilidade e segurança desta técnica cirúrgica.

6. Existe algum tipo de contraindicação para que o paciente não possa se submeter a esse tipo de intervenção?

Em princípio, todo paciente com problema de transparência da córnea será um bom candidato a uma ou outra técnica cirúrgica, com o objetivo de recuperar a transparência, que é o primeiro passo da reabilitação visual.

7. Quais os cuidados após a operação?

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Os cuidados pós-operatórios dependem da técnica utilizada. Nos transplantes penetrantes, deve-se ter muito cuidado para não apresentar traumas nos meses seguintes à cirurgia, enquanto no transplante endotelial lamelar é preciso manter a posição nos sete ou dez dias seguintes. Em todo o caso, são técnicas com um impacto significativo na vida do paciente.

8. No caso do transplante de córnea, também deve ser observada uma série de características de compatibilidade entre doador e receptor?

Uma correspondência não é necessária, exceto quando há uma alta probabilidade de rejeição.

9. E por que a compatibilidade não é exigida como transplante?

A córnea é um tecido imunológico privilegiado, o que significa que, por ser avascular, não precisa apresentar compatibilidade como no caso dos transplantes de órgãos. Assim, estabelecemos a adequação com base nas características do tecido, tanto para a seleção do paciente quanto para a realização de determinada técnica.

10. Pode-se dizer que a pessoa que recebe um transplante desse tipo recuperou totalmente a visão? Ou em que porcentagem isso acontece?

Quando o problema é puramente corneano, a recuperação visual pode ser surpreendente, mas em geral são pacientes complexos que podem apresentar alterações em várias estruturas oculares e nos quais, apesar de recuperarem uma boa função corneana, outras alterações limitam o resultado visual final.

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