“As atividades sociais são a chave para retardar a doença de Alzheimer”

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1. Como especialista em doenças neuroimunológicas e neurodegenerativas, como esclerose múltipla e mal de Alzheimer, que chaves ajudam a prevenir o envelhecimento cerebral?

A chave para prevenir, ou pelo menos retardar, o envelhecimento é fornecer ao cérebro as melhores condições possíveis para que ele funcione da maneira mais adequada. Todos os fatores de risco cerebrovasculares precisam ser bem controlados. Existem três aspectos fundamentais: realizar uma atividade física adaptada e frequente, ter uma alta atividade cognitiva e intelectual e cuidar muito de nossas atividades sociais.

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2. Quais são as patologias neurodegenerativas mais frequentes?

A mais comum é a demência de Alzheimer. Quase 800.000 pacientes e suas famílias sofrem com isso na Espanha. Existem também outros muito frequentes, como o Parkinson. Não podemos esquecer as doenças cerebrovasculares, que podem ser amplamente prevenidas e que causam mais de 100.000 AVCs por ano na Espanha, com um grande número de mortes e graves sequelas neurológicas.

3. Em relação ao Alzheimer, quais avanços médicos você destaca?

Os avanços mais importantes são aqueles relacionados à disponibilidade de biomarcadores (análises ou exames de imagem) que permitem chegar a um diagnóstico precoce e preciso. Isso está levando ao lançamento de grandes estudos de pesquisa para tratar pacientes em estágios muito iniciais. Como consequência disso, aparecerão drogas muito novas que podem mudar a evolução dessas doenças neurodegenerativas.

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4. Como prevenir o Alzheimer? E com que idade deve começar?

Hoje não podemos prevenir o Alzheimer, mas podemos tentar fazer com que seus sintomas apareçam mais tarde. Devemos controlar a pressão arterial, colesterol, diabetes ou tabaco. Você tem que ter uma dieta adequada, dormir o suficiente e estar de bom humor. Como apontei antes, temos que levar uma vida tão ativa quanto possível física, cognitiva e socialmente.

5. Como é diagnosticado o Alzheimer e como ele se diferencia da demência?

O Alzheimer é detectado por diferentes sintomas como alterações na memória, na linguagem, na dificuldade de realizar tarefas já aprendidas, em alterações comportamentais…, que os pacientes não apresentavam antes. É necessário consultar médicos especialistas que, após avaliações cognitivas muito específicas – estudos de imagem (ressonância e medicina nuclear) e estudos de sangue e líquido cefalorraquidiano (que envolve o cérebro) – chegam a um diagnóstico rápido e seguro. Isso deve orientar o paciente e seus familiares a iniciar todas as terapias farmacológicas e não farmacológicas para a melhor qualidade de vida do paciente. O termo demência senil está fora de uso. Costumava ser usado para qualquer tipo de demência na velhice.

“A disponibilidade de biomarcadores permite um diagnóstico precoce e preciso”

6. É possível retardar o início do Alzheimer? Como?

O diagnóstico precoce fará com que um tratamento medicamentoso específico diminua os sintomas da doença de Alzheimer nos anos seguintes. Esses hábitos de cuidar do cérebro devem ser sempre praticados, mas acreditamos que pelo menos a partir dos 40-50 anos todos devemos levá-los em consideração.

7. Desde o serviço de Neurologia do Centro Médico Cirúrgico Olympia-Grupo Quirónsalud, dirige um programa inovador para doenças neurodegenerativas, a primeira Unidade de Saúde Cerebral da Espanha.

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O objetivo é colocar todos os meios disponíveis para a prevenção do envelhecimento cerebral e das suas patologias mais importantes, neurodegenerativas e cerebrovasculares, numa vertente científica, multidisciplinar e integradora. Esta Unidade tem uma visão preventiva mas com possibilidade de oferecer protocolos de continuidade caso se suspeite do início de qualquer tipo de patologia neurológica nos nossos hospitais, quer do ponto de vista assistencial quer de investigação.

8. Como você decide que tipo de programa de treinamento aplicar a cada pessoa?

Depois de analisar todos os estudos e as situações pessoais de cada paciente, é prescrito um treinamento cerebral individual. Este é um programa inovador de seis meses –Brain Health– para você adquirir estratégias cognitivas baseadas em suas necessidades pessoais e de trabalho, com o objetivo de melhorar seu desempenho cognitivo diário. É projetado e monitorado por pessoal altamente qualificado e totalmente adaptado às necessidades e à vida diária de cada usuário.

9. Qual é o perfil dos seus pacientes?

Muito variado. De jovens com mais de 40 anos a pessoas que tiveram parentes diretos que sofreram de demência ou outras pessoas um pouco mais velhas que desejam se manter ativas. A Brain Health dá as boas-vindas a quem quer colocar todos os meios científicos disponíveis para que o seu cérebro esteja a funcionar nas melhores condições possíveis de forma a prevenir ou a abrandar doenças neurodegenerativas ou cerebrovasculares.

10. Você tem um programa de atuação específico? Em que consiste?

Todas as pessoas que atendem recebem um histórico médico personalizado e completo, com estudos de ressonância cerebral e ultrassom de artérias e uma avaliação cognitiva muito exaustiva. Depois de analisar os resultados e cada situação pessoal, é realizado um programa individual.

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