Até que ponto é verdade que os hormônios tireoidianos produzidos pela glândula tireoide, além de influenciar a taxa de queima de calorias, também controlam a velocidade dos batimentos cardíacos?
Os hormônios tireoidianos têm efeitos cardiovasculares conhecidos e entre eles, de fato, está a influência na frequência cardíaca, bem como na força com que o coração bate (chamado efeito inotrópico) e na pressão sanguínea.
Entre esses hormônios, a tiroxina é o que ajuda a regular o corpo? Como se faz?
O hormônio tiroxina ou T4 é secretado pelas células foliculares da tireoide e transportado para os tecidos do corpo para conversão em triiodotironina ou T3. Estas hormonas têm efeitos sobre uma multiplicidade de processos reguladores como o metabolismo basal e termogénese, metabolismo e regulação dos níveis de colesterol, ao nível respiratório estimulam a utilização do oxigénio e a sua contribuição, influenciam a ação do sistema nervoso autónomo e o liberação de outros hormônios chamados catecolaminas (que, por sua vez, modificam o metabolismo, a produção de calor, a frequência cardíaca, a atividade motora e o sistema nervoso central). Também tem um efeito significativo no desenvolvimento neurológico normal, crescimento e formação e manutenção óssea, entre outros.
Que doenças pode causar um desequilíbrio da glândula tireoide?
Uma elevação significativa (chamada hipertireoidismo) ou diminuição (chamada hipotireoidismo) no nível de hormônios tireoidianos no sangue pode causar um desequilíbrio em todos os processos mencionados anteriormente. Os sintomas mais conhecidos do hipertireoidismo podem ser: sudorese, aumento da frequência cardíaca, cansaço e perda de peso. Por sua vez, os sintomas mais conhecidos do hipotireoidismo são: exaustão, dificuldade em manter a concentração, frio e, às vezes, ganho de peso.
Essa alteração também pode aumentar o risco cardiovascular?
Sabe-se que os distúrbios da glândula tireoide são um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como hipertensão, alteração dos níveis de colesterol, desenvolvimento de arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca, entre outras.
É verdade que estudos recentes associam tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo a um risco aumentado de arritmias e até de morte cardiovascular?
A relação direta entre aumento do risco cardiovascular, morte por causas cardiovasculares e arritmias cardíacas é bem conhecida há algum tempo. Estudos recentes concluem que mesmo pequenas alterações nos hormônios tireoidianos como o hipotireoidismo subclínico (diminuição da quantidade de hormônios tireoidianos no sangue sem que a pessoa apresente sintomas) também podem aumentar esse risco.
Quais são os distúrbios cardíacos mais comuns em pessoas com problemas de tireoide?
Em pessoas com hipotireoidismo, as alterações cardíacas mais frequentes podem ser: aumento do colesterol, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, entre outras. O hipertireoidismo está intimamente associado ao risco de desenvolver um tipo particular de arritmia cardíaca conhecida como fibrilação atrial.
Existe algum tipo de prevenção para evitar distúrbios da tireoide e sua incidência no sistema cardiovascular?
Para o funcionamento normal da tireoide, geralmente é recomendado o consumo de sal iodado, pois o iodo é um componente fundamental dos hormônios tireoidianos. No caso de pessoas que não podem consumir sal por algum motivo médico, recomenda-se seguir uma dieta variada e equilibrada e não abusar de suplementos alimentares ricos em iodo (porque o consumo excessivo também pode causar alterações). A avaliação rotineira da função tireoidiana é recomendada em exames médicos regulares para detectar alterações precoces. Para um diagnóstico adequado, é necessária uma avaliação médica criteriosa, bem como a medição da função tireoidiana por meio de exames de sangue e exames de imagem da glândula tireoide, caso o especialista considere necessário.
E em que consiste o seu tratamento?
O tratamento dependerá do tipo de alteração e sua gravidade. No caso de hipotireoidismo, será necessário fornecer externamente o hormônio tireoidiano com medicamentos. No caso do hipertireoidismo, o tratamento pode ser mais complexo e dependerá fundamentalmente da causa original do distúrbio hormonal.
