“Os gestores de saúde não devem ser escolhidos à mão, mas sim pelo seu valor acrescentado”

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Diante do desafio de promover a formação especializada para alcançar maior qualidade no atendimento ao paciente e maior eficiência no sistema de saúde, esta semana foi realizada, dde 2 a 4 de junho, o XIV Curso de Gerenciamento de Projetos. Este evento de grande prestígio foi organizado pela Sociedade Espanhola de Gestores de Saúde (Sedisa), entidade presidida por José Sotoque tem a honra de ser o dirigente com mais longa carreira profissional em nosso país, após passar pelo duas décadas à frente do Hospital Clínico San Carlos de Madrid.

Qual é a sua avaliação do XIV Curso de Gerenciamento de Projetos?

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Foi um sucesso porque contou com a participação de 190 gestores e profissionais de saúde de toda a Espanha. O fato de termos chegado à décima quarta edição destaca que é um curso muito interessante, mas acima de tudo é necessário continuar na vanguarda acadêmica.

É um reflexo da necessidade de aprofundar este tipo de formação…

Definitivamente. Isso coincide com o nosso objetivo final, que é a profissionalização da gestão em saúde por meio da capacitação. Procuramos que os participantes progridam em suas habilidades para que sejam melhores no trabalho que realizam todos os dias.

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A profissionalização da gestão em saúde ainda é o desafio pendente?

O grande objetivo da Sedisa é a profissionalização dos gestores de saúde para que nós que ocupamos esses cargos dominemos as competências necessárias. É a melhor ferramenta de que dispomos para convencer as autoridades de que os gestores de saúde não devem ser escolhidos à mão ou por uma questão de tendências políticas, mas sim pelo valor acrescentado que proporcionam. O que foi feito até agora não faz sentido.

Durante este curso falaram sobre o futuro das profissões de saúde. Estamos preparados para abrir espaço para eles?

Não há uma posição comum, mas é óbvio que novas profissões serão introduzidas em hospitais e centros de saúde, como bioengenheiros, engenheiros de sistemas, especialistas em inteligência artificial… Outro debate é se haverá necessidade de perfis como filósofos, capaz de nos fazer entender o sentido da vida… Bem, talvez…

Justamente nessa linha, também tem havido espaço para falar sobre a nova relação paciente-profissional de saúde. A humanização nos hospitais já está consolidada?

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Pois bem, como no tópico anterior, aqui também há um debate entre os profissionais mais humanistas e os que priorizam a Ciência. Mas isso não deve ser uma discussão entre nós, mas com os pacientes, ou seja, devemos ouvi-los. Este é um debate atual, porque os planos de humanização já estão sendo feitos em todos os departamentos e hospitais, pois estamos convencidos de que devemos frear a evolução tecnológica e pensar se estamos respeitando os pacientes e os incorporando à gestão da saúde. A saúde dos pacientes não é apenas uma questão dos profissionais de saúde, mas também das pessoas afetadas e de seu ambiente.

Olhando para trás, o que a pandemia significou?

Foi um antes e um depois, porque foi um golpe na mesa que virou tudo do avesso. De um dia para o outro, as emergências eram superlotadas, as pessoas morriam e não sabíamos como agir. Mas a ciência também provou estar à altura da tarefa com vacinas em tempo recorde. Na minha área, fico com a espetacular demonstração de profissionalismo de todas e cada uma das pessoas que trabalham diariamente no hospital e que passaram a trabalhar lado a lado. Isso foi algo único que nunca tínhamos visto antes. Sem esquecer a demonstração de humanidade de todos os profissionais que acompanharam pessoalmente os pacientes que estavam sozinhos e assustados.

O que foi colocado em prática agora de todas essas lições aprendidas?

Por exemplo, que o hospital não é apenas quatro paredes, mas que a telemedicina veio para ficar e facilitar o acompanhamento dos pacientes. Também que a atenção básica e as especialidades possam trabalhar lado a lado com processos integrados. E, claro, que a boa gestão dos recursos de saúde também salva vidas.

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