A ciência limita a cultura in vitro de carne animal

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Não é de estranhar que nas últimas semanas relatórios e declarações de grandes organizações internacionais tenham sido esbanjados em “carne cultivada” quando no ano passado investiram neste setor 896 milhões de dólares e teve até 156 empresas espalhadas pelo mundo que se dedicaram a produzi-la, segundo o Good Food Institute (GFI).

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) explica que a produção deste tipo de alimentos “envolve o cultivo de células isoladas de animais, seguidas de processamento para produzir produtos alimentares comparáveis ​​às correspondentes versões animais, como carnes, aves , produtos aquáticos, laticínios e ovos.

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Um dos documentos mais importantes é aquele que eles prepararam em conjunto Organização Mundial da Saúde (OMS) e FAO, lançado em 5 de abril. A publicação, intitulada “Aspectos da segurança de alimentos a alimentos baseados em células”, inclui os resultados de uma consulta especializada realizada no final do ano passado. A identificação dos perigos variou desde a obtenção de células até o crescimento e produção de células, colheita de células ou processamento de alimentos.

O objetivo desta publicação é abordar a segurança alimentar de produtos de carne derivados de cultura de células antes de estarem amplamente disponíveis no mercado mundial. Em alguns países já estão no mercado. É o caso de Cingapuraonde os nuggets de frango à base de células estão no mercado desde dezembro de 2020.

Pedro Prieto Hontoriadiretora de P+D+i e alianças da Fresh Business Food & Nutrition, destaca que os especialistas que participaram do documento concordam que, embora os perigos sejam conhecidos e comuns aos alimentos convencionais, pode ser necessário fazer uma avaliação específica sobre os materiais, ingredientes e equipamentos com os quais são produzidos.

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Na opinião deste especialista em inovação alimentar, os alimentos derivados de culturas de células “poderiam ter perfis mais saudáveis ​​se não contivessem colesterol ou gordura saturada, mas ainda faltam trabalhos científicos que mostrem os seus efeitos na saúde. Também seriam úteis para uma nutrição personalizada ou de precisão exigida por alguns consumidores ou para uma nova oferta alimentar. Mas não podemos esquecer que o alimento não é apenas um ingrediente, é uma matriz alimentar que no seu conjunto pode ter, por exemplo, efeitos na saúde, ao contrário de individualizarmos os nutrientes isoladamente”.

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) explica à YOUR HEALTH que “deve-se prestar atenção a possíveis contaminações microbiológicas e químicas de células cultivadas”. Ele acrescenta que podem ser produzidas proteínas que não são encontradas em animais de fazenda, ou em quantidades muito diferentes. Ele esclarece que isso não significa que esses novos alimentos não sejam seguros, mas que exigiriam uma avaliação criteriosa caso a caso para cada aplicação. E afirma que, por enquanto, não recebeu nenhum.

A situação no mundo

Entre os países que estão desenvolvendo a carne cultivada no mundo está Estados Unidos, onde já existem duas empresas que receberam recentemente autorização da Food & Drug Administration (FDA) para comercializar carne cultivada: Upside Foods e Good Meat. A Eat Just também obteve aprovação em Cingapura em 2020. “Outras empresas são Shiok Meats, Ants Innovate, Aleph Farms… Espanhatemos a Bio-Tech Foods, que recentemente recebeu forte investimento da JBS, grande produtora de proteína de carne do Brasil. Embora alguns já tenham autorização para comercializar, muitos outros ainda estão em fase de desenvolvimento”, confirma ao A TU SALUD Begona Ruiz, Diretor da Ainia Technologies. Porém, Itália aprovou recentemente um decreto-lei que proíbe este tipo de produtos à base de carne.

Em Espanha, a carne de cultura enquadra-se no âmbito do Regulamento (UE) 2015/2283 sobre novos alimentos, na categoria V, que se refere a alimentos constituídos por animais ou suas partes, ou isolados destes ou produzidos a partir destes, exceto no caso de animais obtidos através de práticas tradicionais de reprodução utilizadas para a produção de alimentos na União antes de 15 de maio de 1997 e cujos derivados têm um histórico de uso alimentar seguro na União Europeia.

“Com base no exposto, para comercializar carne produzida a partir de células animais em todo o território da União Europeia, incluindo a Espanha, é necessário realizar uma avaliação e autorização no âmbito do referido regulamento antes de sua comercialização”, afirmam. confirmar. à SUA SAÚDE do Ministério do Consumo.

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A esse respeito, relatam que atualmente não há pedido de autorização de carne de cultura no âmbito do Regulamento Europeu 2015/2283. “O mercado que existe atualmente para essa carne cultivada está fora das fronteiras da União Européia, em países como Cingapura, Catar e Israel», esclarecem.

Ainia, centro tecnológico fundado em 1987 como uma associação privada sem fins lucrativos, publicou em março passado o estudo “Percepção do consumidor de carne cultivada”. Revela que 63% dos consumidores experimentariam a carne fermentada e cerca de 46% a comprariam. Os três principais motivos para seu consumo seriam: bem-estar animal (63%), respeito ao meio ambiente (50%) e curiosidade de experimentar (48%). Ainia acrescenta que o perfil do potencial consumidor de carne artificial tem hábitos alimentares saudáveis ​​e pertence principalmente à Geração Z. Entre as principais barreiras para a compra desse tipo de alimento citadas pelos consultados estão: possível preço alto (52%), falta de informação (45%) e desconfiança (44%). No entanto, a maioria, 78%, assegura que complementaria o consumo de carne de cultura com carne tradicional ou com alternativas vegetais.

Na opinião do diretor geral da Ainia, Cristina Del Campopara que os análogos de carne ou obtidos em laboratório se tornem alternativas sustentáveis ​​e produtos aceitos pelo consumidor, “é preciso vencer uma série de desafios tecnológicos, como a obtenção de propriedades organolépticas semelhantes às da carne ou o alto custo de produção que exigem da um amplo esforço em pesquisa, inovação e desenvolvimento.

Begoña Ruiz explica que, em teoria, muitos tipos de células de diferentes espécies poderiam ser produzidos em biorreatores. “Um dos mais investigados é o bovino -indica-, já que se estima um melhoria ambiental muito significativo (estudo TU Delft). Um trabalho intensivo também está sendo feito em carne de frango cultivada.” Também estão sendo feitas pesquisas com espécies marinhas, como crustáceos, ou peixes como o salmão, por exemplo. «Ainda é preciso muita pesquisa e desenvolvimento, pois cada tipo de célula tem certos requisitos e devem ser desenvolvidos os processos adequados para sua produção. Uma vez gerada a massa suficiente de células, é possível moldá-la com diferentes tecnologias, como extrusão ou impressão 3D, para obter formatos semelhantes a filetes, ou outros semelhantes aos que conhecemos”, afirma.

gosto e preço

O especialista garante que, até hoje, é difícil dar um valor sobre o que poderia custar e que os custos atuais de produção ainda são muito superiores aos da carne tradicional. Segundo Pedro Prieto Hontoria, em Israel eles oferecem carne de frango cultivada a preços que variam de 50 a 100 dólares. “Espera-se que, com a otimização do processo e da tecnologia, o preço fique mais acessível, como um sanduíche com carne de frango fermentada por cerca de US$ 25”, diz.

De acordo com o relatório Alimento para o pensamento, espera-se alcançar paridade em sabor, textura e preço até 2032. O GFI garante que a carne cultivada tenha o mesmo cheiro, textura e consistência da carne convencional. Ele acrescenta que, devido aos métodos de produção, poderia ter um sabor mais puro e permanecer fresco por mais tempo. No que diz respeito à saúde, ele afirma que não requer antibióticos, hormônios ou esteróides. Também garante que “é produzido em instalações com condições mais limpas do que o processamento convencional de carne. Isso reduz o risco de doenças transmitidas por alimentos e outras doenças transmitidas por animais, reduzindo o risco de futuras pandemias.

O Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) explica à A TU SALUD que “é preciso estar atento à possível contaminação microbiológica e química das células cultivadas”. Ele acrescenta que podem ser produzidas proteínas que não são encontradas em animais de fazenda, ou em quantidades muito diferentes. Ele esclarece que isso não significa que esses novos alimentos não sejam seguros, mas que exigiriam uma avaliação criteriosa caso a caso para cada aplicação. E afirma que, por enquanto, não recebeu nenhum.

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