Fusão de especialidades para aprimorar o laboratório clínico

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As inovações tecnológicas desenvolvidas e implementadas nos últimos anos geraram uma transformação radical dos laboratórios clínicos, tanto do ponto de vista instrumental quanto metodológico, bem como das habilidades e conhecimentos necessários que os profissionais especializados em Análises Clínicas e Bioquímica Clínica devem adquirir.

Neste sentido, a realidade quotidiana tem ido muito à frente das mudanças de qualificação e atualização dos programas de formação, e a organização que muitos laboratórios clínicos apresentam hoje é reflexo da adaptação que se tem feito para integrar os saberes de ambas as especialidades no mesmo ambiente de trabalho.

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As linhas que historicamente delimitavam as áreas de conhecimento das especialidades de Análises Clínicas e Bioquímica Clínica foram-se progressivamente esbatendo, ao ponto de hoje partilharem os mesmos ambientes organizacionais de trabalho, os chamados Laboratórios Núcleos, os mesmos sistemas automatizados de gestão de amostras e os mesmos instrumentação.

Real Decreto 639/2014, de 25 de julho, que regulamentou o núcleo, o núcleo de especialização e as áreas específicas de formação, e que incluiu ainda a criação da especialidade unificada de Análises Clínicas e Bioquímica Clínica, fez eco desta realidade, pondo solução, com a criação da especialidade unificada, tanto às demandas dos profissionais envolvidos quanto às necessidades organizacionais dos laboratórios de análises clínicas do país; aproximando também nosso modelo de especialidades laboratoriais daquela que é a opção majoritária na Europa.

Porém, A revogação deste Real Decreto, por erro de cálculo do impacto económico que a implementação do sistema troncal poderia acarretar, significou também o desenvolvimentosurgimento da especialidade unificada, com a consequente frustração e decepção de todos os envolvidos. Imediatamente após a revogação do Real Decreto, as Comissões Nacionais das Especialidades de Análises Clínicas e Bioquímica Clínica têm trabalhado para alcançar um objetivo comum: a unificação das nossas especialidades.

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Para tal, e com a participação das três sociedades científicas mais representativas do nosso campo profissional – a Sociedade Espanhola de Medicina Laboratorial, a Associação Espanhola de Biopatologia Médica-Medicina Laboratorial e a Associação Espanhola de Laboratório Clínico – vários contactos com a Direção Geral de Organização Profissional na qual sempre manifestamos a nossa vontade e vontade de atingir este objetivo.

Adicionalmente, e por indicação da Direção Geral de Regulação Profissional, as comissões nacionais das especialidades de Análises Clínicas e Bioquímica Clínica elaboraram conjuntamente o programa formativo da especialidade que resultaria da fusão destas. Este programa com as suas competências e itinerário formativo foi apresentado à Direcção de Organização Profissional e ao Conselho Nacional de Especialidades em 2020.

A unificação das duas especialidades é um objetivo também compartilhado por profissionais deste país, sejam eles especialistas em Análises Clínicas ou em Bioquímica Clínica que veem, com confusão e ressentimento, como a oferta de vagas no sistema público, tanto para as ofertas de Médicos como para os cargos de responsabilidade, realizam-se de forma diferenciada consoante as comunidades autónomas, visto que nalguns casos continuam a ser convocados de forma independente e noutros de forma indistinta.

Esta incerteza também afeta os residentes, quer na escolha do cargo, quer na avaliação do impacto que a fusão de especialidades poderá ter nas suas expetativas de futuro e oportunidades profissionais. Estamos convictos que a criação de uma especialidade unificada de Análises Clínicas e Bioquímica Clínica permitirá adequar o programa de formação ao que se está a passar nos laboratórios clínicos, tanto no nosso país como na Europa, onde já levaram à integração tácita de ambas as especialidades.

Consideramos necessário não adiar mais esta fusão, para a qual trabalhamos há anos e que seria benéfica para todos os profissionais envolvidos e para todo o sistema de saúde do nosso país. Assim, face à iminente publicação no Diário Oficial do Estado do Real Decreto das Especialidades, estamos confiantes que a fusão de ambas as especialidades será finalmente concretizada.

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Assinado por:

Dr. José Luis Bedini é presidente do CNE de Bioquímica Clínica

Dr. José Antonio Noguera é presidente do CNE para Análises Clínicas

Dr. Antonio Buño é presidente da Sociedade Espanhola de Medicina Laboratorial (SEQC-ML)

O Dr. Antonio Rider é presidente da Associação Espanhola de Laboratórios Clínicos (AEFA)

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