O acesso às unidades de dor ainda pode ser melhorado

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A dor crônica é definida como dor que ocorre continuamente por mais de quatro dias por semana e persiste por pelo menos três meses. Esta situação indesejável atinge, porém, a não desprezível cifra de 25,9% da população adulta do nosso país, ou o que dá no mesmo: mais de nove milhões de pessoas.

Isso se reflete no “Barômetro da dor crônica na Espanha”, elaborado pela Fundação Grünenthal e o Observatório da Dor da Universidade de Cádiz, que visa “fazer uma radiografia da situação de seu impacto em nosso país”, como destaca Borja Smith, CEO da Bioinnova Consulting, que também já participou do projeto. Realizada através de 7.058 entrevistas a residentes de todo o território nacional com idades compreendidas entre os 18 e os 85 anos com um duplo objetivo, melhorar o conhecimento e abordagem da dor, revela que esta doença tem uma presença elevada no nosso país.

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O estudo também mostra que pacientes com dor crônica sofrem com a doença «durante um período estimado de 6,8 anos e a intensidade média percebida da dor é de 6,8 pontos em uma escala de 0 (ausência de dor) a 10 (dor insuportável), conforme explica a Dra. Imaculada Failde, diretora do Observatório da Dor da Universidade de Cádiz.

Sobre o perfil da pessoa que sofre, afeta mais os idosos e as mulheres. Assim, 30,5% sofrem com isso em comparação com 21,3% dos homens. Em relação à idade, as pessoas entre 55 e 75 anos apresentam a maior prevalência (30,6%), sendo a população entre 18 e 34 anos a menos acometida pela dor crônica (18,8%). Da mesma forma, a média de idade desses pacientes é de 51,5 anos.

Continuando com os dados, de todos os tipos de dor, a mais comum é a lombar, que atinge 58,1% dos pacientes. Porém, “27,1% não sabem a causa de sua doença, o que dificulta sua abordagem terapêutica”, continua Failde. A localização anatômica mais comum da dor é nas extremidades e/ou articulações em 33,1% dos pacientes.

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Além disso, o barômetro mostra que uma 28,6% dos pacientes com dor crônica precisaram de licença médica como causa de dor no último ano, sendo essa proporção de 46,5% entre os assalariados. A necessidade de licença médica fez com que 32,3% dos pacientes deixassem a ocupação anterior e 17,3% mudassem de emprego.

Em relação às atividades diárias, esses pacientes apresentam importante falta de autonomia para realizá-los. Levantar-se da cadeira ou da cama são as atividades mais problemáticas: 59,9% têm alguma dificuldade ou não conseguem, e 10,7% recebem ajuda nesse sentido.

Mas o impacto da dor crónica vai para além do aspecto meramente físico: «De notar também que 22,2% dos pacientes sofrem de depressão e 27,6% de ansiedade, o que mostra a relevância da prevenção e cuidados com a saúde mental no campo da dor crônica”, disse Failde. E é isso que condiciona o paciente também a nível mental e social.

Relativamente aos serviços que mais tratam esta doença, o barómetro revela que 42,1% dos acometidos recorreram aos serviços de saúde no último mês, sendo atenção primária o serviço de referênciavisitado por 86,7% dos pacientes.

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Apenas 47% das 417 unidades especializadas pertencem a hospitais públicos

Dentre os serviços especializados, utilizados por 69,4%, Traumatologia é a especialidade mais procuradaconsultados por 47,7% dos doentes que recebem cuidados especializados, “e apenas 25% tratados em unidades de dor, onde o tempo de espera nestas unidades é de quase 11 meses”, disse Failde.

Atualmente, existem 417 hospitais com unidades de dor em Espanha, presentes em todas as regiões do nosso país, com uma média de 24,5 unidades por comunidade autónoma. Concretamente, 197 dos hospitais com estas unidades são públicos e integram o Sistema Único de Saúde (47% do total), enquanto os restantes 220 hospitais são de gestão privada (53%). Cada um desses hospitais atende, em média, 113.000 cidadãos.

Um número crescente

“Há uma série de desafios e é fundamental agilizar o atendimento que essas pessoas recebem, e isso passa pela racionalização do atendimento entre os diversos níveis de atenção. É uma prioridade de saúde que precisa de atenção”, concluiu o especialista em dor. E, entre eles, ele disse: “O número de 25% que vão para unidades de dor poderia ser melhorado”.

E é isso, outro fato significativo que o diretor do Observatório da Dor da Universidade de Cádiz destacou foi que “a prevalência da dor está aumentando, estamos vendo isso ao longo dos anos”.

Por todas essas razões, Juan Quintana, diretor da Fundação Grünenthal, concluiu que “os dados extraídos do estudo servem para destacar a necessidade de abordar a doença a partir de uma perspectiva biopsicossocial como prioridade de saúde com o objetivo de otimizar seu manejo e melhorar a qualidade de vida desses pacientes”.

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