«Em caso de escoliose é mais seguro colocar os parafusos com a técnica 7D»

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Em que consiste a tecnologia 7D no campo da saúde?

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Ele basicamente usa os mesmos conceitos de visão de máquina e algoritmos de alinhamento usados ​​por aplicativos de reconhecimento facial e veículos autônomos. O sistema adquire imagens 3D de uma tomografia computadorizada pré-operatória da coluna do paciente e cria um mapa topográfico da anatomia do paciente. O registro da anatomia “real” do paciente é feito na sala de cirurgia através de milhares de pontos de referência anatômicos em poucos segundos. Como o registro ocorre tão rapidamente, ele pode ser repetido sem interromper o fluxo do trabalho cirúrgico. O resultado é uma tecnologia significativamente mais econômica, com velocidade e fluxo de trabalho bastante aprimorados, que elimina completamente a exposição do cirurgião, do paciente e do pessoal da sala de cirurgia à radiação ionizante. Uma das grandes vantagens desse sistema é que não requer novos registros toda vez que passamos de um nível vertebral a outro, agilizando todo o processo de navegação e evitando irradiações repetidas do paciente. Uma vez criado o mapa virtual, os implantes são colocados com visão 3D ou mesmo com realidade aumentada, reduzindo o risco de mau posicionamento do implante, sendo particularmente útil em casos de deformidades graves com distorção da morfologia vertebral.

Eles apenas usaram essa técnica para cirurgia de escoliose. Como era o paciente?

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Tratava-se de um jovem de 14 anos do sexo masculino com escoliose idiopática progressiva grave que já ultrapassava os 50 graus, o que consideramos ser o limiar para considerar o tratamento cirúrgico. Nas radiografias feitas antes da cirurgia, pode-se perceber que houve uma alteração considerável da anatomia vertebral que poderia dificultar consideravelmente a colocação dos implantes vertebrais.

Em que consiste este tipo de intervenção?

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O que fazemos é colocar algumas âncoras (parafusos) nas vértebras incluídas na deformidade. A seguir, juntamos esses implantes com algumas barras com o perfil que queremos que a coluna tenha uma vez corrigida. Por fim, trazemos progressivamente as vértebras até atingir o grau máximo de correção. Depois disso, fornecemos um enxerto ósseo para que se forme um bloco sólido e a deformidade não reapareça. O risco envolvido nesta intervenção está intimamente relacionado com a colocação dos parafusos nas vértebras. Eles têm que seguir um caminho muito preciso e estreito sem poder se desviar nem um pouco, já que a medula está de um lado e os grandes vasos sanguíneos do outro. Além disso, sua colocação é quase cega, pois você sente, mas não vê, onde vai o parafuso. Mas não dá para ver direito, a não ser que você submeta o paciente a uma dose de radiação inviável pelos riscos que isso acarretaria.

Quão eficaz é?

O risco de colocar um parafuso vertebral incorretamente é muito baixo, abaixo de 0,5%, mas é um risco que devemos tentar reduzir para quase 0%. Os trabalhos científicos mais recentes sugerem que colocá-los com navegação é mais preciso do que com técnicas convencionais, aproximando-se de 0,2%.

O paciente se recupera mais rápido com esta técnica?

Com essa tecnologia, aumenta-se a segurança na colocação dos parafusos, o que supostamente deveria levar a uma recuperação mais rápida.

Que outras vantagens tem?

Reduz a dose de radiação a que o paciente é submetido durante a cirurgia.

Algum risco?

Deixe o cirurgião colocar sua fé cega nesta tecnologia. É uma ferramenta desenhada para ajudar o cirurgião, não para tomar decisões por ele. Se o sistema de navegação contradiz o que seu bom senso lhe diz, você deve analisar o que está acontecendo e valorizar o que sua intuição lhe diz.

A tecnologia 7D é usada apenas para cirurgia de escoliose?

Estamos usando apenas em cirurgia de coluna, mas existe um software para cirurgia de crânio e no futuro provavelmente será aplicado a todas as cirurgias em que seja necessária uma colocação muito precisa de qualquer tipo de implante.

Quanto à escoliose, em que casos é preciso operar?

Felizmente, a grande maioria das escolioses idiopáticas não progridem e o percentual dessas deformidades que acabam necessitando de cirurgia gira em torno de 10%. O problema é que é uma patologia com certa prevalência, em torno de 2% da população, com a qual são atendidos muitos casos. A principal indicação para intervenção cirúrgica na escoliose idiopática é a progressão da curva acima de 50 graus. Até bem pouco tempo sabíamos que as curvas que ultrapassavam esses graus quase sempre evoluíam para valores bem mais altos com deformidades graves e piora na qualidade de vida desses pacientes. No recente congresso da Scoliosis Research Society, um dos trabalhos científicos premiados verificou que curvas entre 30 e 50 graus também apresentam alto risco de progressão. Surpreendentemente, e ao contrário do que pensa a população em geral, a escoliose idiopática leve ou mesmo moderada (<50º) não gera grandes limitações para os pacientes que dela sofrem, além da deformidade estética. Esse prognóstico favorável escurece à medida que a gravidade da curva aumenta e depois de certos graus, em torno de 70, começa a ter certo impacto na função cardiorrespiratória com a consequente deterioração da qualidade de vida do paciente.

Pode ser evitado?

Infelizmente não, mas pode ser detectado precocemente e assim estabelecer um tratamento que controle a progressão de curvas muito incipientes. Os resultados do tratamento da escoliose são melhores quando as curvas são menos severas. Daí a importância da realização de exames de triagem pelo pediatra durante os exames de rotina que ele realiza.

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