Um estudo espanhol revela o aparecimento de défices cognitivos em pessoas que passaram a covid

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Neurologistas espanhóis publicaram vários artigos científicos sobre um estudo em andamento sobre alterações cognitivas em pessoas que tiveram Covid-19, que revela o aparecimento de déficits cognitivos, especialmente na atenção e velocidade de processamento, função executiva e memória.

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Um dos trabalhos publicados por esse grupo de pesquisadores do Instituto de Neurociências do Hospital Clínico San Carlos, no “Journal of Clinical Medicine”, estuda a relação entre fadiga e função cognitiva na síndrome pós-covid. A fadiga é um dos sintomas mais frequentes e incapacitantes desta síndrome, tendo uma componente física e cognitiva. Neste estudo, os pacientes foram avaliados por meio de uma das escalas de fadiga mais utilizadas no campo científico (MFIS) e um extenso protocolo de avaliação neuropsicológica.

Usando diferentes algoritmos de “aprendizado de máquina”, foi feita uma tentativa de prever os resultados da avaliação de fadiga usando os dados obtidos da avaliação neuropsicológica. Os modelos falharam em estimar de forma confiável a presença ou ausência de fadiga, incluindo fadiga cognitiva, ou sua gravidade.

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“Esses achados são importantes para conhecer as características dos déficits cognitivos que se observam na síndrome pós-covid. Os resultados de nossas investigações sustentam que fadiga, depressão, ansiedade e déficits cognitivos provavelmente têm mecanismos diferentes na síndrome pós-covid, que É importante para a abordagem e desenvolvimento de tratamentos para esta doença.”, explica o principal pesquisador do estudo e neurologista do Hospital Clínico San Carlos, Jordi Matias-Guiu Antem.

Este estudo é um dos primeiros na literatura médica nessa direção. A síndrome pós-covid consiste na persistência de vários sintomas durante meses após sofrer uma infeção aguda por SARS-CoV-2. Esta entidade foi assim reconhecida pela OMS em outubro de 2021 e entre os sintomas pós-covid mais frequentes encontram-se a fadiga, a dificuldade respiratória e as alterações cognitivas.

Traços de personalidade e sintomas persistentes

Num outro estudo, publicado por estes investigadores na revista “Brain Sciences”, foi realizada uma avaliação de traços de personalidade em pessoas com síndrome pós-covid. Os pesquisadores concluíram que certas características de personalidade estavam associadas ao desenvolvimento de ansiedade e depressão, como é o caso de outras patologias crônicas, mas não a déficits cognitivos, fadiga ou qualidade do sono.

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Da mesma forma, em um terceiro estudo realizado por profissionais do Instituto de Neurociências do Clínico San Carlos, publicado nesta ocasião na revista “Journal of Psychiatric Research”, eles examinaram pacientes que relataram sintomas persistentes por meses após sofrerem infecção aguda por Covid-19. através de uma avaliação cognitiva abrangente. 74% dos pacientes eram mulheres, com idade média de 51 anos. Neste estudo foram avaliados fadiga, sintomas depressivos, ansiedade, sono e função olfativa, concluindo que não foi observada relação entre sintomas depressivos ou de ansiedade com a função cognitiva.

Os déficits cognitivos observados confirmam que A infecção por SARS-CoV-2 está associada a alterações cognitivas objetivadas por exame cognitivo em pessoas com síndrome pós-covid. Embora as alterações cognitivas fossem geralmente de magnitude leve ou moderada, o fato de acometer pessoas jovens supõe alta repercussão. “Conhecer o padrão de alterações cognitivas na síndrome pós-covid é importante, por um lado, para o diagnóstico diferencial com outras patologias; por outro lado, é um primeiro passo para buscar intervenções que permitam melhorar esses déficits”, diz Matías-Guiu Antem.

Para realizar o estudo, é realizada uma avaliação exaustiva dos pacientes, composta por uma bateria de testes de várias horas, administrados por profissionais especialistas em neuropsicologia, e outros informatizados autoadministrados pelos próprios pacientes. A exploração dura três dias com vários testes para chegar às conclusões estabelecidas no estudo. Além disso, estão sendo correlacionados os resultados obtidos com a ressonância magnética, realizada pelo grupo de Imagem Biomédica do Hospital Clínico San Carlos, e os biomarcadores sanguíneos.

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