1. Tenho andado a olhar a lista dos superalimentos e o azeite não aparece… como pode ser, com a quantidade de propriedades que tem?
Não existe um consenso real com o conceito de superalimentos, pois tende a discriminar alimentos que possuem o mesmo poder antioxidante e nutricional, e muitos deles tendem a estar mais na moda e vir de lugares mais exóticos, como sementes de chia, goji berries etc. . Se nos ativermos ao conceito, o azeite mais do que cumpre.
2. Quais seriam os principais benefícios de tudo isso?
Num estudo recente com 12.000 participantes na população espanhola, concluiu-se que o consumo de meia colher de sopa de azeite, acompanhado de maior atividade física e hábitos saudáveis, diminuiu 50% das mortes por doenças cardiovasculares e um terço das mortes por outras causas como o câncer. Vimos dados semelhantes no estudo PREDIMED, embora com maior consumo de azeite. Em resumo, o azeite diminui as concentrações de colesterol de baixa densidade (LDL-C), e este é um fator de risco cardiovascular. Os compostos fenólicos do azeite demonstraram retardar a progressão da arteriosclerose, que é o endurecimento das artérias, e diminuir o risco de trombose, agregação plaquetária e oxidação lipídica.
3. e quais são todas essas maravilhas? Que ingrediente mágico contém?
O azeite é uma fonte de ácidos graxos monoinsaturados (MUFA), como o ácido oleico e centenas de micronutrientes, especialmente antioxidantes, incluindo compostos fenólicos, vitamina E e carotenóides.
4. E tem alguma contraindicação?
O principal problema é o consumo em excesso, já que aproximadamente uma colher de sopa de 15 g de azeite tem cerca de 130 calorias. A European Food Safety Agency (EFSA) recomenda que para alcançar os benefícios é necessário um mínimo de 20 g por dia, ou seja, deve-se considerar que aproximadamente 200 calorias viriam deste produto, mas não haveria problema em incluir esta quantidade diariamente, especialmente se fizermos uma dieta equilibrada, como a dieta mediterrânica.
5. Que outras doenças previnem?
Foram vistos dados sobre a associação benéfica do consumo de azeite e doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e mortalidade por diferentes causas.
6. É importante especificar que os benefícios se referem ao EVOO, não a qualquer azeite, certo?
Os benefícios referem-se ao azeite virgem e é melhor que seja virgem extra e de primeira pressão, embora seja verdade que este último se oxida mais rapidamente com a temperatura.
7. E também que estamos falando sobretudo de óleo cru e não cozido e menos em altas temperaturas, certo?
Os benefícios foram observados principalmente quando consumidos crus. O ácido oleico que possui é o que o faz oxidar menos quando aquecido que outros óleos, embora isso possa acontecer se ultrapassar os 200ºC e virgem extra mesmo com menos calor. Então uma temperatura ideal seria não passar de 170º. É melhor não fritar, pois agrega mais calorias ao alimento, por absorver mais óleo, e se for feito, é mais recomendado em frigideira de Teflon do que em fritadeira.
